Foto: Reprodução/Google Maps e redes sociais
Mansão de R$ 50 milhões onde Naji Nahas ofereceu jantar a Michel Temer e foi palco de piadas sobre Jair Bolsonaro terá de ser desocupada por empresário libanês em São Paulo —
A Justiça de São Paulo decidiu nesta quarta-feira (24) despejar o empresário Naji Robert Nahas da mansão de mais de R$ 50 milhões que ele idealizou e ocupa desde 1980 nos Jardins, bairro nobre da Zona Sul da capital. O libanês de 74 anos ficou conhecido como o investidor financeiro que quebrou a Bolsa de Valores do Rio em 1989 (leia outros detalhes mais abaixo).
A informação foi divulgada nesta sexta-feira (26) pelo jornal O Estado de São Paulo e foi confirmada pelo g1.
Em setembro, a residência foi palco de um jantar em homenagem ao ex-presidente Michel Temer (MDB), oferecido por Nahas, onde o humorista André Marinho imitou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e outros políticos. O vídeo do encontro foi divulgado e viralizou nas redes sociais (veja abaixo).
Além de obrigar a desocupação da mansão por Nahas e pela esposa, Suely Aun Nahas, o Tribunal de Justiça (TJ) determinou a reintegração de posse do imóvel para a Companhia Pebb de Participações S/A, grupo de investidores que havia adquirido a residência em 1993.
De acordo com o processo do caso, a Pebb comprou a mansão, que já foi de Nahas, diretamente do Banco Noroeste. O empresário, que está radicado desde os anos 1960 no Brasil, havia feito um empréstimo com o banco em 1984, mas se endividou e perdeu o imóvel que tinha deixado como garantia.
omo um dos sócios da Pebb, à época, era amigo de Nahas, ele comprou o crédito que o Noroeste tinha sobre a mansão para que o empresário continuasse morando de favor na residência.
O acordo foi verbal e funcionou como uma espécie de “comodato”, na qual a Pebb emprestava a mansão para Nahas morar, desde que se comprometesse a pagar as despesas da casa, como impostos, manutenção etc.
Mas após a morte desse amigo de Nahas, outros sócios da Pebb decidiram entrar na Justiça em 2019 pedindo a saída do empresário e de sua família da mansão e a entrega dela à companhia.
Um dos motivos alegados pela Pebb à Justiça foi de que Nahas deixou de pagar o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) do imóvel. Nos últimos três anos, por exemplo, a dívida teria chegado a mais de R$ 5 milhões com a Prefeitura de São Paulo. E como a residência está em nome da Pebb, esse débito está sendo cobrado da companhia. O pedido de reintegração de posse da mansão foi negado na primeira instância da Justiça. Mas a Pebb recorreu e conseguiu que a 13ª Câmara de Direito Privado do TJ, que representa a segunda instância da Justiça, decretasse o despejo de Nahas e determinasse que o imóvel seja dado a companhia.
“Numa decisão de rara profundidade, o Tribunal de Justiça Paulista reconheceu que empréstimo tem fim, mesmo que tenha durado por muito tempo”, falou nesta sexta ao g1 o advogado Afrânio Afonso Ferreira, que defende a Pebb.
Procurado para comentar o assunto, o advogado José Diogo Bastos Neto, que defende Nahas, falou à reportagem que irá recorrer da sentença do Tribunal de Justiça.
“Vou entrar com um recurso contra a decisão do TJ. Vou alegar que a Justiça de primeiro grau entendeu que a Pebb não tem direito a posse”, disse José Diogo.
De acordo com o advogado de Nahas, a Pebb não é dona da mansão. Ainda segundo José Diogo, a companhia vendeu seus direitos sobre a residência para a Taha Comercial e Exportadora em 1996.
Questionado pelo g1, o advogado José Rogério Cruz e Tucci, que atua para a Taha, afirmou que “o imóvel não é da Pebb”.
Segundo ele, a mansão é da Taha, que, de acordo com José Rogério, pagou “R$ 4,8 milhões a Pebb por um compromisso particular de cessão de direitos” pela residência.
O advogado ainda informou que a Taha entrou com uma ação na Justiça contra a Pebb em junho de 2021 pedindo a escritura do imóvel.
A Pebb negou que tenha recebido da Taha algum dinheiro pela compra da mansão, que tem um terreno de mais de 5 mil metros quadrados, sendo mais de 2 mil deles somente de área construída.
FONTE: G1